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Andaraí: Ambientalistas voltam a questionar prefeitura e pedem implementação imediata da ‘Rota das Cachoeiras’

Parece que o projeto de implementação do Parque Municipal ‘Rota das Cachoeiras’ vai ficar mesmo no papel. É o que denunciam ativistas, que procuraram o Jornal da Chapada para cobrar, publicamente, da prefeitura de Andaraí, na Chapada Diamantina, celeridade no tramite do projeto que pode colocar o município chapadeiro no caminho mais rápido para expandir o turismo. O Parque Natural Municipal Rota das Cachoeiras foi designado legalmente em 2016, tornando-se o segundo maior parque natural municipal do país, com 10 mil hectares. Entre os entraves apresentados pelos ambientalistas e defensores do projeto estão a inoperância do atual prefeito de Andaraí, João Lucio Carneiro (PSD), que segue o mesmo pensamento da secretária de Meio Ambiente e Turismo (Sematur), Priscilla Cerqueira de Jesus, “ignorando diálogos, ideias e repudiando parcerias que buscam materializar o projeto do ‘Parque Rota das Cachoeiras’”.

Tem também a inexistência do Conselho Gestor da Unidade, a proposta da Associação dos Condutores de Visitantes de Andaraí (ACVA) e dos empresários locais para reabilitar estradas vicinais (carroçável) – que ligavam a rodovia estadual BA-142 ao interior do parque, usada na época por fazendeiros, garimpeiros e extratores de sempre-vivas. “Não querem dá continuidade no projeto Parque Rota das Cachoeiras. Há um desinteresse, na gestão e preservação, notável por desperdiçarem as oportunidades e a construção de um Conselho Gestor da Unidade, apoio de universidades, órgãos públicos e até mesmo o ICMBio [Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade]”, salienta o presidente dos Combatentes a Incêndios Florestais de Andaraí (Cifa), Homero Vieira.

Ainda conforme o grupo liderado pela Cifa e pela ACVA, o projeto está engavetado na Sematur. “Este projeto foi criado pela gestão de Wilson Cardoso e tinha a promessa de ser um dos maiores parques municipais que viabilizaria como opção de lazer, serviços, ecoturismo, práticas esportivas. Até o momento, durante esses três anos de gestão nada foi realizado, as trilhas e rotas permanecem em péssimo estado inviabilizando ações e o resgate do turismo”, critica em ofício os ambientalistas. Os protagonistas dessa luta foram os guias da ACVA, que enxergaram na área, repleta de atrativos naturais, um potencial colossal para impulsionar o turismo local, aliando conservação, lazer e o sentimento de identidade, criado a partir das belas paisagens que emolduram a unidade de conservação.

“De fato, o parque tem mesmo seus encantos, principalmente as suas cachoeiras, como Cristais, Três Barras, Bom Jardim, Invernada e outras tantas. Além disso, conta com uma infinidade de espécies endêmicas da fauna e da flora, complexo arqueológico com intrigantes artes rupestres, campos de sempre-vivas, montanhas e um riquíssimo conjunto de nascentes, rios, riachos e córregos, importantíssimos para a alimentação da bacia do Rio Paraguaçu”, frisa Homero ao Jornal da Chapada. O presidente da Cifa ainda diz que a institucionalização da recreação como finalidade e meio de fazer acontecer os parques, deveria ser considerada pela prefeitura local. “A exemplo do discurso de Roosevelt em 1903, em Yellowstone, que disse: ‘O esquema de sua preservação é notável em sua essencial democracia. O parque foi criado e é agora administrado para o benefício e fruição do povo’. Dessa forma, surgia, assim, o conceito-chave do uso público, que foi e ainda é importante para obter amplo apoio aos Parques naturais”, explica Vieira.

Projeto precisa sair do papel
Os ambientalistas dizem que o projeto precisa sair do papel e gerar mais emprego e renda, além de novas oportunidades para o turismo. “O atual gestor municipal de Andaraí veio para pôr o seu nome na história do atraso e do obscurantismo na gestão ambiental do município. Está sendo desperdiçada variadas oportunidades de pesquisas e estudos. E mais, não busca apoio de universidades, de órgãos públicos ou do próprio ICMBio para viabilizar a elaboração do plano de manejo da Unidade de Conservação. O projeto do parque está empoeirado nos arquivos da Sematur, que é a responsável pela gestão das unidades de conservação”, destaca texto do grupo enviado ao Jornal da Chapada.

A unidade de conservação ‘Rota das Cachoeiras’ fica localizada na região sudeste do Parque Nacional da Chapada Diamantina (Parna), tinha a promessa de ser um dos maiores parques municipais do país, não apenas pelo tamanho, mas também pela concepção participativa, que mescla uma variada opção de lazer e serviços a atrações naturais, esportivas e histórico-culturais. “Ao longo desses três anos da gestão municipal, nada avançou. Para os condutores de visitantes da ACVA, e para a Associação da Cifa, o principal empecilho é, sem dúvida, a demora na reabilitação das trilhas e das estradas antigas, muito usadas à época pelos garimpeiros, extratores de sempre-vivas e fazendeiros, as quais já foram identificadas e traçadas pelos próprios condutores, que voluntariamente se empenham para tirar o parque da gaveta da Sematur e torná-lo uma realidade”.

Neste cenário, são inviáveis atividades voluntárias que estão aumentando o uso público e garantindo a preservação de outros parques brasileiros. “Sem as estradas, torna-se impossível até mesmo realizar atividades de prevenção e combate aos incêndios florestais”, alega Homero Vieira. Ainda segundo Vieira, a eficiência de um controle de incêndios está proporcionalmente ligada ao tempo de resposta e sem acesso isso se torna um grande empecilho na conservação da flora e fauna diante de um incêndio. “Nota-se que o ‘Rota das Cachoeiras’ tem apenas 1% de sua área aberta à visitação, que é 100 vezes menos extensão de trilhas do que o Parque Nacional da Chapada Diamantina”, completa.

Os ambientalistas da Cifa e da ACVA dizem que “a inércia e ineficiência da gestão municipal, tem causado revolta no segmento turístico de Andaraí, principalmente entre ‘condutores de visitantes’ [guias], que enxergam na abertura do parque à visitação, uma a grande oportunidade de alavancar a fragilizada economia local, que há muitos e muitos anos está estagnada”. O grupo conclui dizendo que “é uma política de gestão dissimulada, feita para tornar o parque uma fortaleza”. Os guias vêm insistindo e chamando a atenção da gestão municipal para os ‘cases’ de sucessos ocorridos em Ibicoara – com a implementação do Parque do Espalhado, bem como em Mucugê – com o Parque Sempre-Viva, referências de sucesso em gestão de unidades de conservação. Os brigadistas, montanhistas, condutores e gestores sabem de longa data que “onde não caminha o visitante consciente, fazem a festa caçadores, incendiários e extrativistas”.

 

 

 

Fonte:  Jornal da Chapada 

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