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Austeridade acima de tudo, rolo compressor acima de todos

De costas para os servidores, os deputados estaduais anteciparam o rolo compressor do governador Rui Costa e deixaram o trator funcionar sem questionamentos ainda na atual legislatura. Depois do episódio da “invasão” da Assembleia Legislativa, tratada por governistas como “quebra-quebra”, o funcionalismo público acabou frustrado na tentativa de mudar alguma coisa nos projetos encaminhados pelo Executivo e que atingem diretamente os trabalhadores estaduais – especialmente a alíquota da Previdência e a extinção de órgãos.

Os próprios funcionários públicos já admitiam que era improvável que eles conseguissem reverter o quadro, amplamente favorável ao governo. O tom alarmista de que a austeridade era imprescindível para o pleno funcionamento da máquina estatal a partir de 2019 prevaleceu. Os parlamentares, que só precisarão de votos em dois ou quatro anos, sabiam que a memória curta dos eleitores possivelmente não traria prejuízos a longo prazo. Então, por que brigar com o governo?

O teatro da oposição quase funcionou. Os deputados da minoria usaram a velha tática da obstrução para criar desgaste e, ao final do processo, preferiu abandonar o plenário temporário ao invés de marcar posição contrária às medidas. É uma questão de opção que não os exime de responsabilidade de deixar que o governo subjugue o Legislativo em detrimento dos interesses do Executivo. Sempre foi assim e sempre será. E os oposicionistas optaram por se omitir. Postura idêntica à adotada pelos governistas. Mas esses ainda ficaram pior “na fita”.

A base aliada sabe que o governador saiu extremamente fortalecido das urnas. Ao longo dos primeiros meses, enquanto existir um resquício de lua-de-mel com a maioria da população – com os servidores já chegou a fase do fel -, dificilmente Rui não conseguirá levar à frente os projetos e propostas. Faz parte do jogo. O problema é que, ainda que haja o amém, não precisa ser explícito que os interesses do governo precisam prevalecer sempre.

Alguns parlamentares ainda tentaram articular conversas com os sindicatos e representantes de categorias que tentavam adiar a votação dos projetos. As medidas de austeridade são um “mal necessário” e mesmo a oposição admite isso. Porém, em sua maioria, o silêncio prevaleceu e uma a uma as matérias encaminhadas pelo Executivo foram aprovadas sem que sequer os deputados soubessem o que estavam votando.

A prática de votar sem saber o que é não é nova. Voltou a ficar em destaque recentemente após uma Comenda 2 de Julho ser aprovada e um deputado tentar “desfazer” o voto que aprovava. Se não deu certo para um projeto simples, de concessão de honraria, imagina quando envolve alguns milhares de servidores?

O governo sinalizou que pode vetar as medidas depois de aprovadas. Se o fizer, é praticamente um atestado que errou na condução do processo. Se eram tão urgentes e ao mesmo tempo previsíveis, por que as medidas não foram alvo de discussões prévias? Não vale falar que os sindicatos sabiam. Afinal, para quem está na ponta, pouco importa. O que vale é que a arrocho começou mais cedo do que o esperado e o rolo compressor do governo mostrou força antes de se tornar efetivamente o trator prometido – algo que era previsto apenas para 2019.

 

 

Fonte: Bahia Noticias

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