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Filhos da tradição Política de Seabra

Galeria de prefeitos de Seabra no interior da Biblioteca Municipal da cidade. Foto: Luana Barros

Quando se trata da tradição familiar na política, é importante recordar o período coronelista. O poder dos coronéis transmitia superioridade econômica, social e política que causava filhotismo (transferência de poder, passado de pai para filho), expresso em regime de favores aos amigos e de perseguição aos inimigos. Além da estrutura agrária que concentrava as riquezas nas mãos dos coronéis, o coronelismo tinha como seu preferencial a política municipal, onde o coronel estabelecia seus domínios.

Em meio a tantas mudanças ao passar dos anos, algumas tradições familiares continuam a ser seguidas. O Nordeste é como o berço de alguns dos maiores clãs políticos do Brasil e onde se concentra o maior número de candidatos com parentes no mesmo meio. Em Seabra, na Bahia, a tradição de manter uma determinada família no poder político perpetuou por longos anos, estando presente inclusive na gestão atual.

Filhos da tradição

O ex-vereador Iovane Filho, filho de ex-prefeito e neto de coronel, traz de suas memórias as histórias de seu avô Manuel Fabrício, nascido no povoado de Campestre, hoje pertencente ao município de Seabra.

Vendo como uma oportunidade de fazer parte da gestão do povoado, Manuel Fabrício de Oliveira aliou-se politicamente ao governador José Joaquim Seabra, iniciando seu histórico político como Coronel. Em sua liderança, intitulou Seabra como sede municipal, guerrilhou por suas terras e trouxe o desenvolvimento e crescimento sustentável para a população residente da época.

“Por convívio político, desde o tempo do meu avô, meu pai, Iovane de Oliveira Guanaes, encantou-se e foi prefeito de Seabra por dois mandatos. Essa tradição já está na família há mais de 50 anos, possivelmente desde quando Seabra existe, e é gratificante pertencer a uma família que faz parte da história política da cidade”, revela Iovane Filho.

O atual vice-prefeito, Marlon Leite, que também possui histórico político – seu pai, Dálvio Leite, foi prefeito por três mandatos, e seu avô Manoel Teixeira Leite exerceu o mesmo cargo por dois mandatos –, comenta que Manoel começou sua política no início do período das eleições diretas, com votos democráticos.

Marlon também fala da  sua relação com o pai e seu ingresso na política: “Desde criança, eu não me interessava por política, o que sempre me chamou atenção foi o possível desenvolvimento da cidade, mas para esse desenvolvimento acontecer é necessário a presença da política para possibilitar esse crescimento à cidade. Acompanhando o trabalho do meu pai e a necessidade do povo de ter uma administração na cidade, fui convidado a ser vice”.

Tradição ou coronelismo?

Em Seabra, a população ainda encontra questionamentos sobre a diferença entre tradição familiar política e o coronelismo da República Velha. Acreditam que atuais e futuros gestores de uma determinada família manterão os rastros maléficos do coronelismo na cidade: “Trata-se o coronelismo como se fosse uma coisa má. Na época do coronelismo, existiam pessoas que abusavam do poder que tinham, para fazer coisas ruins, como também existiam pessoas que sabiam e queriam administrar uma cidade, vê-la evoluir – na mesma época, sendo coronel do mesmo jeito”, diz Iovane.

Muito ainda tem a se falar de coronelismo em Seabra no que diz respeito às relações do cotidiano e as influencias desses coronéis na rotina das comunidades e familiares: “Quando você é criado por um empresário, é natural que você tenha interesse no ramo empresarial. Eu fui criado no âmbito político, então é normal para mim ter esse interesse em seguir os passos do meu pai. Quando eu me interessei em seguir esse caminho, eu estava ali porque gostava. Não é como se meu pai estivesse passando para mim essa responsabilidade. Eu estava ali porque queria tornar o crescimento da cidade possível”, afirma o neto de Manuel Fabrício.

Os filhos dos anteriores gestores seabrenses costumam dizer que o interesse político veio principalmente pelo desejo de evolução da cidade de Seabra. O vice-prefeito, Marlon Leite, declara que a mesma paixão que seu pai tem pelo município, ele também tem: “Meu desejo é fazer parte do crescimento desta terra”.

Por: Jornal o Bambúrrio/Luana Barros

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