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Produtores de vinho da Chapada Diamantina se destacam com produtos de qualidade

Os produtores de vinho da Fazenda Progresso, localizada entre os municípios de Mucugê e Ibicoara, na Chapada Diamantina têm o que comemorar. Eles estão fazendo bons produtos com uvas cultivadas aos pés da Serra do Sincorá. O vinho, por exemplo, começou a ser planejado em 2012, quando as primeiras videiras experimentais foram semeadas em dois hectares.

Nos últimos sete anos, a produção envolveu inúmeros testes, repetidas provas, recorrentes análises de especialistas. Os vinhos de guarda envelhecidos em barricas também já foram colocados à prova e submetidos ao paladar de exigentes someliers. Tudo em busca do sabor e aroma ideais.

“A uva equilibrada e complexa cultivada aqui serve de matéria prima para um vinho com acidez de média a alta, boa estrutura, encorpado e com longevidade. Ela permite a produção de um vinho que pode passar até 2 anos em barricas, e até 10 anos quando chegar ao mercado”, afirmou o diretor de Negócios Café e Vinho da Fazenda, Fabiano Borré.

As videiras já ocupam atualmente 42 hectares da fazenda, mas os lotes comerciais da bebida só devem chegar ao mercado em 2021. O vinho faz parte de um projeto ainda maior, a instalação de uma nova fronteira vinícola genuinamente baiana. A implantação da rota empreendedora contou com um investimento de R$50 milhões e envolve a construção de um hotel.

Os produtores rurais acreditam na força e essência da Chapada Diamantina para o sucesso do empreendimento. “A essência da Chapada é a riqueza natural da região e as pessoas. Queremos que este vinho represente esta essência, com qualidade e sabor diferenciado. Mas também com sustentabilidade baseada no tripé econômico, social e ambiental. Acreditamos que o desenvolvimento pode caminhar junto com a produção agropecuária e a preservação do meio ambiente”, afirmou o gestor do projeto.

Terroir baiano
Incluir um novo fruto no catálogo agropecuário da região não foi fácil. Sem parâmetros anteriores, os agricultores tiveram que fazer estudos e pesquisas aprofundadas sobre fermentação, adubação e colheita de uvas viníferas em uma área onde nunca houve este tipo de cultivo. O microclima da Chapada é uma das bases da produção. Segundo os especialistas, esta parte da Bahia possui condições climáticas que não se repetem em nenhuma outra região do Brasil.

Com altitude acima de 1.150 metros, as temperaturas variam de 8 a 24 graus durante a colheita, uma variação considerada ideal para maturação. Também foi adotado um sistema de poda que beneficia a brotação dos frutos. Além disso, a composição do solo e as estações bem definidas favorecem as videiras. Juntos estes fatores potencializam a área como novo terroir, antes mesmo do lançamento do vinho.

“Não é mágica. É resultado de muita paciência, persistência, técnica e dedicação. Mas sobretudo depende do potencial natural desta região. É ele que está permitindo o surgimento destas uvas especiais e vinhos superiores. É a força do terroir, a junção de solo, clima, variedade e manejo, que proporciona um maturação fenólica diferenciada, complexidade aromática e estrutura com tanino aveludado e redondo”, afirma o enólogo Marcelo Petroli.

A região é tão fértil que os produtores já adiantam que estão mapeando, nos mesmos parreirais, novos “micro terroirs”, pequenas faixas em que as uvas podem se revelar ainda mais especiais. Elas seriam capazes de produzir lotes de vinhos ainda mais raros. Quando for lançado no mercado, a produção da Fazenda Progresso vai se juntar aos vinhos já fabricados em Morro do Chapéu, também na Chapada Diamantina. Dos parreirais de lá, mantidos por outros oito produtores rurais, já saem nove variedades de uvas, como a Sauvignon Blanc e Syrah, além de vinhos tintos e brancos.

Persistência familiar
O agricultor Fabiano Borré faz parte da terceira geração da família a produzir alimentos na Chapada. A história começou há 35 anos, quando o pai, Ivo Borré, e o avô dele, Pedro Hugo, chegaram à Bahia em 1984. Eles tinham saído do Rio Grande do Sul em direção ao Mato Grosso, mas acabaram indo parar em Mucugê. Lá os agricultores conseguiram comprar um pedaço de terra ao incluir uma velha caminhonete no negócio.

Em uma época em que nem existia energia elétrica na fazenda, Seu Ivo, como é chamado, começou plantando soja e trigo. Mas depois de quatro safras malsucedidas decidiu arrendar as terras para um grupo de japoneses. Em 1988, os arrendatários plantaram batata e a iniciativa deu certo. No ano seguinte, depois de receber as terras de volta, Seu Ivo também passou a plantar o legume.

Sem muitos recursos, o primeiro hectare de batata foi cultivado com a resto das sementes deixadas no solo pelos japoneses. Começava ali um dos negócios agropecuários familiares mais bem-sucedidos do país. De lá para cá as plantações não pararam de crescer. De 1,8 hectares passou para quatro, depois para oito, e assim sucessivamente. Hoje, os irmãos, filhos, sobrinhos, todos trabalham no campo e dividem a gestão da empresa agrícola. “Nós temos muito orgulho de trabalhar na agricultura. Me sinto realizado e feliz em participar do progresso desta região”, afirma Ivo Borré.

Atualmente as Fazendas Progresso geram cerca de 600 empregos diretos. Delas saem cerca de 75 mil toneladas de batata por ano. Quantidade suficiente para alimentar 7 milhões de pessoas anualmente. Toda a produção é comercializada no Nordeste, cerca de 40% ficam na Bahia. Também são produzidos tomates e cebolas. Já dos cafezais brotam 25 mil sacas de café por ano. A maior parte dos grãos, cerca de 75%, é exportada para dez países.

Os cafezais também vão integrar o projeto de enoturismo. É que as uvas viníferas serão colhidas na mesma época dos grãos de cafés especiais já cultivados na fazenda. Um compartilhamento de fatores que deve fortalecer o turismo, a rede hoteleira e a gastronomia da região, além de valorizar a mão de obra local. “Ambos os frutos exigem as mesmas condições climáticas, e isso reforça a riqueza e o potencial desta região. Cada vez mais os produtores daqui conseguem cultivar produtos de valor agregado, que necessitam menos água e que podem gerar impactos sociais positivos para toda a chapada”, completa Fabiano. Jornal da Chapada com informações de Correio 24h.

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