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Vídeo: Ação desastrosa na liberação de vazões, provoca devastação do Balneário em Paramirim-BA

Foto: Reprodução

A população de Paramirim foi surpreendida por uma tragédia que praticamente destruiu todo o leito do rio, arrastando vegetação, muita lama e sujeira, que avançou sobre o balneário turístico da cidade, devastando tudo o que encontrou pela frente. Tudo isso em nome da liberação de mais de um milhão de metros cúbicos do reservatório do Zabumbão, que, segundo informações, tal liberação foi autorizada pela ANA – Agência Nacional de Águas, sob a alegação de uma suposta vazão a jusante do açude Zabumbão.

Além dos prejuízos e um cenário sombrio, com o leito e margens do rio, piscinas, equipamentos aquáticos, quiosques, barracas, tudo coberto por um lamaçal contaminado, ficou evidente o estado doentio no qual se encontra a água que consumimos. É fato que tal liberação de água se deu pela parte inferior da Barragem do Zabumbão, assim sendo, a população estupefata, percebeu a dimensão da gravidade, jorrou do fundo da barragem, não água potável como a maioria imaginava e sim um chorume de odor insuportável, denunciando o elevado grau de poluição em que se encontra o maior reservatório do Vale.

Seria desnecessário repetir aqui tudo o que já denunciamos ao longo dos anos, garimpos clandestinos que assoreiam nascentes e poluem as águas, invasões das APAS, loteamento das margens, criação de gado, desmatamentos, irrigações ilegais, avanço das cercas para dentro do leito, queimadas e até incêndios criminosos, além do lançamento de esgotos in natura que se acumulam no fundo do lago, sem falar na insistência burra e egoísta na liberação de grandes volumes de água em períodos críticos, cujos motivos alegados, além de não convencerem levantam suspeitas. Basta uma rápida vistoria no curso d’água que logo se constata a presença de potentes motores, sugando e irrigando capim para engordar gado nelore, o que impede a população ribeirinha de receber tal vazão. A água não consegue chegar nem ao vizinho município de Caturama.

O lamentável acontecimento ocorrido na tarde de hoje (14), deve ser encarado como um sério alerta para que se promova uma ampla mobilização pela salvação da barragem, pela reflexão sobre a insensibilidade, incompetência na gestão dos recursos hídricos e a forma equivocada de gestão das águas. Que essa tragédia desperte autoridades que presenciaram a massa de água e lama contaminada arrastar instalações, arrancar árvores e causar o transbordamento de um rio que há tempos agoniza.

Também é importante registrar que a politicagem tem promovido desavenças entre a população, que deve estar unida pela causa maior, para corrigir erros, cobrar providências e não dar ouvidos a comentários de bajuladores de plantão, que querem atribuir a culpa nesse ou naquele grupo político. A questão é que Paramirim e demais cidades que são abastecidas com as águas do Zabumbão, estão diante de um risco evidente de desabastecimento por falta de cuidados com as nascentes, falta de ações de proteção ao rio e à barragem que representa a segurança hídrica da região.

Também é fato que o balneário é a principal atração turística da cidade. Sabe-se que a ação desastrosa que devastou o lugar foi autorizada pela ANA e Executada pela CODEVASF a pedidos. A população espera confiante que o Ministério Público, na pessoa do Promotor Dr. Leandro Ribeiro, que inclusive esteve no local momentos depois do ocorrido, consiga identificar e punir com rigor os responsáveis pelos prejuízos causados ao local, fazendo-os reparar os danos provocados.

Diante do quadro de indignação que toma conta da população regional, é pertinente dizer que a nossa falta de consciência sobre a finitude deste recurso hídrico nos trouxe até aqui. É essa falta de consciência que nos leva ao desperdício diário de água, é o que impediu um melhor planejamento para a utilização do líquido da vida e a construção de novas políticas públicas que nos trouxessem soluções.

O que é mais grave e incomoda a todos que já perceberam o tamanho do risco em evidência, é presenciar a inércia, hipocrisia e oportunismo político, que mesmo ante o quadro crítico, não se vê medidas efetivas e planejamentos a médio e longo prazos para que a crise não se aprofunde ou para que o Zabumbão saia da situação vivida hoje.

Só com ações efetivas vamos conseguir reverter este quadro e manter o reservatório como uma garantia hídrica para Paramirim e região. As gerações futuras merecem e precisam de nossos esforços, da nossa consciência. Pensar e repensar os nossos valores e as nossas condutas é o que precisamos fazer neste momento. (Fonte: Jornal O Eco)

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